Estudo mapeia resposta contra o vírus da dengue
Comparando a resposta imune de uma infecção natural por dengue com a ativação imunológica de vacinas contra a doença, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) descobriram marcadores moleculares que podem contribuir para o desenvolvimento de novas vacinas e terapias contra o vírus no futuro. O estudo também confirmou a eficácia das respostas imunes geradas por duas vacinas já disponíveis: o Q-Denga, desenvolvido pela Takeda Pharma do Japão e distribuído pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e o Dengvaxia, desenvolvido pela Sanofi-Pasteur da França, ambos utilizando tecnologia de vírus atenuado.
O estudo, publicado na revista Frontiers in Immunology e apoiado pela FAPESP por meio de dois projetos (18/18886-9 e 20/01688-0), é o primeiro a identificar assinaturas imunológicas da dengue usando uma abordagem chamada vacinologia sistêmica, que busca entender as respostas imunes à vacinação de forma global.
Analisando 955 amostras de transcriptoma de pacientes infectados por dengue e de ensaios clínicos de vacinas contra a doença, os pesquisadores identificaram 237 genes diferencialmente expressos tanto em casos de infecção natural quanto nas respostas às vacinas. Essas descobertas permitiram identificar estratégias terapêuticas para manipular genes envolvidos na resposta imune, abrindo caminho para investigar novos alvos terapêuticos.
O estudo revelou genes-chave, como OAS2, ISG15, AIM2, OAS1, SIGLEC1, IFI6, IFI44L, IFIH1 e IFI44, que desempenham papéis importantes na resposta imune adaptativa, com algumas funções antivirais e de restrição da replicação viral. Além disso, foi identificado que o gene AIM2 ativa o inflamassoma, desencadeando respostas pró-inflamatórias essenciais para a defesa antiviral eficaz, enquanto o gene SIGLEC1 facilita a interação entre células imunes. Os genes IFI6, IFI44L e IFI44 estão associados à modulação da apoptose e defesa antiviral, e IFIH1 atua como sensor para vírus de RNA, como o DENV. Outros genes, como IFIT5 e HERC5, desempenham papéis na inibição da replicação viral mediada pelo interferon.
Essas descobertas destacam a complexidade das vias antivirais e imunes adaptativas, evidenciando a importância da interação entre elas. O estudo completo pode ser acessado em: www.frontiersin.org/journals/immunology/articles/10.3389/fimmu.2024.1282754/full